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Selma Pereira


Parangolé em Teófilo Otoni
Parangolé em Teófilo Otoni

Perdoe-me Senhores que  vieram até aqui por causa do Parangolé.
 
Não vou falar sobre eles. Na verdade nem tenho o que falar deles. Conheço o parangolé só de ouvir falar, como disse o lindíssimo (e super coroa) Chico Buarque. Debruço-me sobre uma personagem bem mais importante. Parangolé só veio parar nessa história por causa dessa belíssima mulher.
 
Ela foi ao show do Parangolé (é aqui que eles entram, sacou? Pois é!) 
 
E aquele mulherão foi ao show! Cabelos enormes, bunda enorme, salto enorme. Sem falar na unha recém feita. As unhas estavam pintadas de vermelho, vermelho vivo. Belchior, seu marido ficou um bom tempo matutando sobre o show, ele não era bobo pra deixar aquele avião decolar sem o piloto, e, avião pronto pra pousar sozinho na Pampulhinha. Belchior foi junto, ah, se ele foi. Foi mesmo. Bonitão.
 
Quando mencionei o salto senhores, eu não quiz dizer que havia paraquedas, eu estava dizendo sobre o sapato de salto (ah, tá, entendeu agora)! Então, aquelas belas unhas estavam apontando pra todas as mulheres, na verdade, a mulher que olhasse as unhas belíssimas da senhora em questão sentia uma pontada na auto estima.
 
E é por isso que Belchior foi junto, não porque não confiava na esposa, nem tanto por que gostava do Parangolé, mas porque  ele era dono daquilo tudo; e então porque não se divertir junto àquele tantão de mulher?
 
Estavam todos dançando. Todos se divertindo, inclusive as unhas dela. Eram um grupo de cinco pessoas e nenhum deles percebeu quando um cara, lindo, musculoso, cheiroso, mais parecendo o Adônis ou Apolo, como você quiser, chegou, olhou e disfarçadamente, deu uma pisadinha no pé da Madonna (ai delícia!).Todos continuaram dançando.  Ela fez que nem percebeu.
 
Poderia ser um esbarro, né. No meio de tanta gente. Depois outra pisadinha. “Acho que esse cara ta meio afim de mim”.  Todos continuaram dançando. Depois de um tempinho, o cara lindo, provavelmente faixa preta ou quem sabe de bom gingado na capoeira, deslizou lindamente para perto da moça, deu um sorriso estonteante e, (ai!) outra pisadinha, e a Deusa não deixou por menos: “cara, é a terceira vez que você pisa no meu pé!”
 
Senhores era mesmo um esbarro. O cara deu uma olhadinha de lado. Dançou mais pra perto.  Rebolou quase em cima. Pousou com doçura o calcanhar bem em cima da unha do dedão.  Colocou todo o peso de seu corpo nesse calcanhar como se o houvesse calculado, deu uma rodadinha. Com um sorriso deslumbrante disse: então vou pisar a quarta vez.
 
A unha foi horrivelmente esmagada. Crime. Crime. Crime. A Madonna  nem percebeu tamanha dor.  Estava anestesiada com Vodka, Parafuso, Cerveja, Bacardi e outros medicamentos que vendem nas barraquinhas por lá.  
 
No outro dia, Senhores. A Julieta sentiu a dolorosa prova do crime. Sua unha acordou mal, vomitando pus, se abrindo qual puta em noite de sexta-feira.  Ficou roxa, ficou preta e por fim... caiu!
 
Esta é a história, Senhores, é verídica, ficou pelo menos uma semana em todos os jornais (Estado de Minas, O Estadão, New York Times, e ,  ainda no mais importante, Tribuna do Mucuri).
 
Este foi o verdadeiro motivo do sucesso do Parangolé em Teófilo Otoni. Ou melhor, vou explicar pra vocês cabeças de Bagre, falar com todas as letras, uma atras da outra, porque parece que vocês nao entendem: parangolé pegou carona nesse feito. Se não fosse pela unha da madonna, ninguem nem saberia quem é o Parangolé.