Quem saberia, entre as ingremes montanhas de Minas Gerais, entre os rios que teimam em correr e sobre a Terra que insiste em dar frutos que numa dquelas casas dependuradas naquele morro existe alguém que no escuro da noite chora sozinha a desesperança?


Qual aluno poderia pensar entre meio seus deveres universitários, engolindo livros e artigos, se atentando à explicação do professor; que não muito longe dali, há alguém que chora uma causa perdida; cujos soluços se misturam ao barulho das músicas e de violões dos barzinhos alheios á vida da infeliz criatura?


Quem poderia imaginar que naquela felicidade brincalhona e rebelde há nada mais do que uma alma negra amordaçada por grilhões cujo peso fere e faz doer. Quem pode conhecer as dores, as angústias e as mágoas de quem não está nem aqui e nem lá?

Quem algum dia imaginou os sentimentos que criaram raízes na vida daquela criatura.
Quantas vezes esperou que alguém compreendesse dua dor e quem sequer imaginou que ela tinha dores.
Quantos evangélicos entre meios seus cultos de adoração e de graças, pensou na religião que ela matou dentro de si, simplesmente por não suportar mais a hipocrisia?

Quantas pessoas que no âmago de seus corações poderiam imaginar que o coração daquele ser infeliz havia se petrificado no intuito de sofrer menos?
Quem poderia imaginar que aquela menina de palavras soltas guarda coisas impublicáveis bem no íntimo de seu inconsciente?
Que além de aparentemente feliz chora no escuro de sua vida as mágoas e o peso do mundo, deixando rolar lágrimas que jamais serão descobertas?

Quem poderia imaginar que atrás daquela figura autêntica e dona de si há nada mais que uma menina medrosa, dependente e solitária, que ; à noite, senta em frente ao espelho e tenta descobrir que tipo de bicho ela é.

Que chora suas derrotas sozinha e dança suas vitórias tão solitariamente como uma ilha.
Que sonha com a ponta do iceberg e vive nas profundezas escuras do oceano, quando não, causando danos terríveis a si mesmo.

Quem há de saber realmente a história dessa vida, que era tão bonita, mas que foi murchando aos poucos e hoje é somente uma mancha negra na ponta de uma haste, que de tão envergada, não demora muito a cair.