“Não esperem pela enfermaria para recuperar a humanidade. Exercitem-se. Falem… Falem com estranhos, com amigos, telefonem ao acaso, falem com todos”.(Patch)
O Amor é Contagioso propõem enxergar o paciente hospitalizado com um olhar que vai além da sua enfermidade; defende um tratamento além da medicação, das pílulas. Cenas do filme como por exemplo aquela da moça com diabetes no corredor do Hospital, sozinha, perdida no ambiente, sendo identificada apenas como paciente numero tal, portadora de tal tipo de diabetes.
Em outras cenas, o filme mostra a solidão dos pacientes, a angústia destes e a perda da subjetividade. Mostra também o descaso dos profissionais da saúde, o relacionamento deficiente entre as equipes e a conseqüência disso para o paciente.
Além de um tratamento medido, é mostrado também a necessidade de apoio, de integração, atenção direta ao paciente, à família, etc, como visto nos textos em sala de aula. Isso é ajuda o paciente a lidar com a doença e amenizar os sintomas da internação tanto no sentido emocional como social/familiar.
As crianças, que sofrem também com o impacto da doença/saúde, submetidas à arrogância profissional, podem também ter um atendimento diferenciado e capaz de tira-las do “luto”. A cena em que Patch entra na ala pediátrica, e dos detalhes mórbidos do ambiente hospitalar, como bastão de soro, ampolas, ele consegue com que as crianças enfermas façam o que lhes são hábitos normais: sorrir e brincar. O levar ao paciente uma forma de carinho, comunicação, um gesto simples de consideração, reanima no paciente a vontade de vencer a doença.
Como alguns textos lidos em sala de aula, o filme mostra também o modo como os profissionais se referem aos pacientes: Aquele do dedo quebrado, o paciente com câncer, o diabético, o leito numero 06; ignorando cada realidade, cada história de vida e assim ignorando a origem da doença.
O sentir-se eu, está nesse considerar a história do paciente, considerar o humano dentro do paciente e considerar o processo de adoecer e seu impacto.
Outro ponto trabalhado na sala de aula e mostrado no filme foi o denunciar da formação e do fazer do médico, quão impetuoso é a cena, em cuja perspectiva, a tarefa dos professores é “desumanizar para se tornarem médicos”. Recusar a humanidade em suas fraquezas e sonhos, paixões e medo da morte, para transformarem em médicos, apenas para a doença física, para os sintomas carnais. Quando os doentes são anulados em suas identidades a e relação entre humanos passa a ser de apenas objeto do doutor e da doença. Reduzidos a um número e a uma ficha hospitalar.
Ao defender seu sonho, já nas últimas partes do filme, Patch diz que; Vivo com pessoas que vão e vêem quando lhes apetece, e ofereço toda a ajuda que posso. Todos os que lá vão são doentes, mas todos os que lá vão são também médicos. Eis o nosso legado: saibamos também serem médicos e psicólogos hospitalares até o limite certo, até o momento em que a atuação seja positiva para o processo de internação.