Hoje eu me solidarizo com os cantores goianos, cujas canções sertanejas nascem de um chifre.
Em meio a lágrimas e decepções escrevo esse conto, choro tanto que o teclado está boiando.
Seria um dia comum para uma apaixonada que passava pela porta se não fosse a visão de fato, embora triste mas interessante. A Lã impulsionada por um vento impetuoso levantava o cabelo de milho.
Cabelo de Milho feliz (claro)!
Como coração apaixonado é um bicho ordinário e bobo, ignorei o Cabelo de Milho e observei A Lã maravilhosa: Tamanho, cor, espessura etc. Dava pra fazer o quê com ela? Tricô?
Como mente apaixonada também é um saco e tem vida própria, a mente (não Eu) começou a imaginar em que parte especifica eu me apoiaria caso A Lã me levantasse. O interessante é que meu superego sabia direitinho qual parte era essa .
Nesse dia descobri uma nova função para A Lã: Ouvi tocar os sininhos.
Não obstante levantar o Cabelo de Milho, descobri que A Lã também levanta a Pluma e, assim, encharcada de tristeza e lágrimas fui para casa e fiz uma rede de pescar (com fios de nylon,quem não tem Lã tece com Nylon).
No outro dia a rua amanheceu molhada e as pessoas diziam: "Que bom que choveu".
Pobres coitados. Nem mais sabem discernir o que é chuva e o que não é. A verdade é que eu não tinha A Lã, e não fui levantada nem à 10 cm, mas com a rede de pesca que teci com suor, lágrimas e ciúmes eu pesquei uma Jibóia. ( e que Jibóia!).
E a luta com a Jibóia foi tão ferrenha que, quando a domei ela vomitou bicas e molhou o bairro inteiro. Mas cheguei a conclusão de que se tivesse usado A Lã para tecer eu poderia ter pescado uma Sucuri, por que Lã é mais forte do que nylon. Poderia quem sabe, ainda estar pensando desmerecidamente no Cabelo de Milho e ouvindo moda sertaneja, mas teria cobra pra todos os dias da semana.
E isso Senhores, vale a pena