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Selma Pereira


Pré-depressiva
Pré-depressiva

Estou começando a me sentir esquisita e vazia.
O coração é desconfiado demais para se render e as emoções são infinitas demais para eu sozinha.
Trabalhar não é mais tão bom e estudar não tema mesma elegancia.
Não tenho outra expectativa além de esperar o anoitecer e o raiar do dia, mesmo que o amanhecer não seja mais bonito e o anoitecer não tenha a mesma magia.
Me desiludi do amanhã porque ele está cada dia mais vulgar.
O futuro é muito incerto, o presente é cruel e o passado é um filme que ninguém quer assistir de novo.
Estou a viver maquinalmente.
Sem esperanças
Sem amor
Sem entusiasmo
Estou desistindo da vida.
Quero me reduzir ao pó
Não quero que ninguém pergunte por mim.
Que ignorem o dia em que nasci e que nem se recorde da triste peça que fui:
Que não se encaixava em lugar nenhum porque ninguém precisava dela, quando precisavam, era pequena ou grande demais.
Quero me transformar na maldita poeira que as donas de casa tanto odeiam.
Poeira que ninguém gosta, mas todo mundo vê.
E aí finalmente serei notada.
 

Pós depressiva 

Não vou mais me deprimir.
Pode ser que eu chore. Mas nem tanto assim.
Meus dias não serão mais nublados e a chuva não sofrerá mais blasfêmias.
O romper da Alvorada será sempre bem vindo e nunca deixarei de exaltar as Forças.

Quanto à depressão, despedi-a antes mesmo que chegasse.
De hoje em diante não chegarei de mau humor no trabalho nem na faculdade.
E prometo começar a gostar de gente.

Continuo não querendo ser humana.
Mas me propus compreender e amar os humanos, na mesma proporção com que cada um me ama.

Quero sofrer por amor.Chorar por esperar um amor que não aparece. Mas pelo menos quero amar.
Não mais ficarei triste quando me chamarem de louca. Quero ser louca, de uma loucura digna e louvável: Desde que essa loucura me leve aonde quero chegar.

E ao contrário do que pensei, cada dia que passa eu descubro que vou chegar lá, pode ser que demore. Pode ser que esteja perto.
O importante e que sei pra onde estou indo.

Não quero ser uma louca qualquer.
Quero ver o invisível e ouvir o inaudível.
Quero uma mente forte e poderosa.
Quero a insanidade daqueles que lêem jornais: cuja inteligência e debilidade mental é o bastante para ser ser mais forte do que os normais.

E peço aos Deuses que nunca permita que eu seja normal.
Pois os olhos da normalidade enlouquecem os que nos rodeiam.
Quero ser louca, mas não quero causar a loucura.

O mundo precisa de mim.
Por inteira. Con-ciente. Não posso deixar ruir minha própria vida.