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Selma Pereira


Sofrimento Psiquico no Trabalho - Projeto
Sofrimento Psiquico no Trabalho - Projeto

 

TEMA
Sofrimento Psíquico no Trabalho

TÍTULO:
Sofrimento psíquico no Trabalho: O absenteísmo como possível estratégia defensiva

PROBLEMA:
Na perspectiva da Psicodinâmica do Trabalho, o absenteísmo pode ser considerado um mecanismo de defesa?

OBJETIVO
Apontar o absenteísmo como uma estratégia defensiva do trabalhador no ambiente da organização.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Apresentar a Psicodinâmica do trabalho como abordagem do sofrimento psíquico.
Conceituar absenteísmo no trabalho.
Investigar estratégias defensivas do trabalhador segundo Dejours.
Relacionar absenteísmo e mecanismos de defesa.
HIPÓTESE
O absenteísmo é uma estratégia defensiva utilizada pelos trabalhadores para se preservarem do sofrimento psíquico.
 
JUSTIFICATIVA
Em decorrência da extrema importância do trabalho na vida das pessoas faz-se importante intensificar as discussões a respeito de questões relacionadas ao mundo laboral que afetam positiva ou negativamente os sujeitos envolvidos no ato de trabalhar. É observável que as mudanças dadas a partir da tecnologia e incorporação de novos métodos nas situações de trabalho têm trazido tanto benefícios quanto malefícios a esses sujeitos, de forma que conceitos como absenteísmo, sofrimento psíquico no trabalho e estratégias defensivas estão sempre norteando discussões e questionamentos acerca de razões como sofrimento e prazer no mundo do trabalho.
Embora haja muitas pesquisas desenvolvidas com a temática voltada ao sofrimento psíquico no trabalho, ao absenteísmo e aos mecanismos de defesa; é possível observar ainda assim, a necessidade de se propor novos questionamentos que possam de alguma forma, relacionar esses três tópicos. Percebe-se que pouca atenção tem sido dada ao absenteísmo no sentido de pensá-lo como uma estratégia de defesa psíquica do trabalhador no ambiente laboral; um escopo de investigação que se justifica pela possibilidade de produção de diálogos que viabilizem e orientem um novo meio de entender e trabalhar a questão do absenteísmo.
 
MÉTODO
 
Para apontar o absenteísmo como uma possível estratégia de defesa do trabalhador no ambiente laboral, realizar-se-á uma pesquisa através da leitura, análise e interpretação da obra de Christopher Dejours – A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho – bem como de artigos indexados na base de dados SCIELO – Scientific Eletronic Library Online (2005 a 2012), tendo como palavras-chave os conceitos de “Absenteísmo”, “Estratégias defensivas” e “Sofrimento Psíquico” dentro da perspectiva da Psicodinâmica do Trabalho.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de natureza qualitativa na qual será utilizado o método de revisão e/ou análise da literatura.  A seleção dos artigos indexados na base de dados SCIELO se dará a partir da triagem de escritos cujo resumo aborde o assunto proposto tendo em vista o tema de interesse desta investigação. Os dados captados constituirão o conteúdo para o aprofundamento do tema na busca de compreender a proposta teórico-metodológica dejouriana, para posteriormente significar esse referencial como instrumento para apreensão da relação entre as estratégias defensivas no ambiente laboral e do fenômeno do absenteísmo.
 
REFERENCIAL TEÓRICO (CHRISTOPHER DEJOURS)
Investigar estratégias defensivas do trabalhador segundo Dejours.
 
 A organização do trabalho exerce, sobre o sujeito, uma ação cujo alvo é o aparelho psíquico. Deste modo, os trabalhadores, para protegerem-se desses impactos, geram uma série de mecanismos de defesa. As estratégias de defesa do trabalhador são necessárias para a realização do trabalho, o que seria segundo o autor uma boa adequação entre a organização do trabalho e a estrutura mental do trabalhador isso impõe, em cada caso, um ponto de vista detalhado, apoiado por uma análise precisa da Psicodinâmica da relação homem/trabalho. (DEJOURS, 1987, p. 134). 
 
As estratégias defensivas são definidas por DEJOURS (1994) como regras de condutas construídas e conduzidas por homens e mulheres. Variam de acordo com as situações de trabalho, sendo marcada pela sutileza, engenhosidade, diversidade e inventividade, fazendo com que os trabalhadores suportem o sofrimento sem adoecer.
 
As estratégias defensivas (sofrimento patogênico) podem se caracterizar como recursos para uma convivência saudável no espaço organizacional, o sofrimento surge quando todas as margens de liberdade, transformação e aperfeiçoamento da organização do trabalho já foram utilizadas pelos indivíduos, esse tipo de sofrimento é uma espécie de resíduo não compensado, que leva a uma destruição do equilíbrio psíquico do sujeito, empurrando-o para uma lenta e brutal destruição orgânica ((DEJOURS et al., 1994 p. 137). Uma estratégia do trabalhador  para não se desgastar poupando energia e não se desestruturando de forma física e psicológica .
 
De acordo com Dejours as estratégias defensivas só se configurarão como mecanismo de saúde quando parte da energia pulsional oriunda da tensão do sofrimento e é canalizada para algo socialmente produtivo. A permanência do sujeito no uso de estratégias patogênicas pode levá-lo ao adoecimento psicossomático e esse campo de negociações é forjado nas malhas da organização do trabalho ou no campo da divisão das tarefas e do modo como as relações são produzidas (DEJOURS, 1996, p.149-173).
 
Dejours (2004b, p. 51) aponta que tais estratégias garantem que o trabalhador mantenha-se em um estado de normalidade que se dá como resultado de um "equilíbrio instável, fundamentalmente precário, entre o sofrimento e as defesas contra o sofrimento". O autor adverte, porém, que, embora estas defesas sejam importantes na preservação da normalidade, elas pressupõem um equilíbrio, sob pena de impedir que o sofrimento no trabalho possa encontrar sentido.
 
Dejours (1992) constrói a sua concepção de estratégias defensivas numa relação do trabalhador com a organização do trabalho direcionando-se à realidade social do trabalho. Como a modificação da organização do trabalho está bloqueada, o trabalhador busca modificar, transformar e minimizar sua percepção da realidade através dos mecanismos de defesa. Isto o faz sofrer, pois não modifica a realidade a ele imposta, no sentido de aliviar seu sofrimento, mas mascara essa realidade, garantindo a manutenção da produtividade e até mesmo o seu aumento. O perigo da utilização excessiva desses mecanismos é a loucura do trabalho e se constitui em ações que reforçam a alienação do trabalhador na sociedade capitalista (Dejours, 1992; Seligmann-Silva, 2003).
 
 Segundo a visão da Psicodinâmica do Trabalho, o trabalhador passa a utilizar mecanismos de defesa ou estratégias defensivas para driblar o sofrimento. Para o autor aqui referenciado, na maioria das vezes o trabalhador não pode alterar nada nesse mundo externo, ficando à mercê de uma organização do trabalho que em nada coincide com seu próprio ritmo biológico, endócrino e psicoafetivo. A ansiedade e o medo de ser punido desencadearam como estratégia de defesa esse autocontrole ou punição exacerbada dos próprios erros (Dejours, 1992).
 
REFERENCIAS
 
DEJOURS, C., & Abdoucheli, E (1990). Intinéraire théorique en psychopathologie du travail. Revue Prevenir, 20, 21-38; in ANTLOGA, C. S. & MENDES, A.M. (2009). Sofrimento e Adoecimento dos Vendedores de uma Empresa de Material de Construção, p. 257. (ARTIGO)
 
*Dejours, C. (1992). A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho (A. I. Paraguay, & L. L. Ferreira, Trads., 5ª ed.). São Paulo: Oboré; in Seligmann-Silva, E. (2003). Psicopatologia e saúde mental no trabalho. Em R. Mendes, Patologia do trabalho (pp. 1142-1182). São Paulo: Ateneu.Sandra Fogaça Rosa RibeiroI; Sueli Terezinha Ferreira Martins (2o11) Sofrimento psíquico do trabalhador da saúde da família na organização do trabalho. (ARTIGO)
 
* Dejours C. Psicodinâmica do trabalho: contribuições da escola dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas; 1994. Subjetividade e gestão: explorando as articulações psicossociais no trabalho gerencial e no trabalho em saúde. (ARTIGO)
__________DEJOURS, C. Da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. In: LANCMAN, S.; SZNELWAR, L. I. (Org.). Christophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. Rio de Janeiro: Fiocruz; Brasília: Paralelo 15, 2004b. Addendum, p. 47-104.
 
DEJOURS, Cristophe. Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações. In: TORRES, Ofélia de Lanna Sette (Org.) O indivíduo nas organizações: dimensões esquecidas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1996. p. 149-173.
 
DEJOURS, Cristophe. A loucura do trabalho: estudos de psicopatologia do trabalho. 5 ed. ampl. São Paulo: Cortez, 1992